Salve Don!

O Don chegou hoje. Sob chuva e pirraça do Azulão, ele chegou magestoso, pronto pra ficar comigo e começar uma nova fase. Minha mãe foi buscá-lo sozinho na loja, já que o meu querido azulão deu piti, fez manha e não quis arredar as rodas lá da escola. Tive que dar chupeta, fazer carinho e, aos trancos, ele me trouxe de volta pra casa.

A sensação ao ver o Don estacionado em frente ao meu aconchego foi intensa: uma felicidade com gosto de desconhecido. É estranho, é muita responsabilidade, é diferente. E o fim da minha apaixonada relação com o Azulão. Afinal, ele foi o meu primeiro, mesmo sendo da minha mãe, já é como se fosse um pouco meu também. Algumas árvores em nosso caminho, beijos escondididinhos em sua memória, muitos jogos do corinthians e ultrapassagens memoráveis em corolas metidões do morumbi... Afora as ladeiras de minas, onde ele me segurou todas as vezes e me mostrou que pra subir tem que ter força e destreza.

Mas o Don ... Ah! Ele vai aprender a correr comigo e aventurar-se neste mundão bão de sebastião com sua cor do amor estampada logo de cara e com este nome machadiano. E um detalhe importante: Don escolhe as mônicas. A primeira já foi, agora é a minha vez. E só agora, depois que li o documento que me foi entregue em mãos, entendi porque a paixão foi à primeira vista. Os astros e os nomes conspiravam a favor da nossa união. Assim selou-se mais um início de relação.