sexta-feira, dezembro 24, 2010

Prece

A espera de uma saudade rendida, escrevo para continuar viva nas suas lembranças. Olhos minguantes que procuram enxergar aquilo que se sente. Haverá um atalho até você?

terça-feira, dezembro 14, 2010

SAUDADE decifrada

Em colo moreno, embalada sem motivos, ninada sob uma cantoria de menino, a saudade vem calada, em MAICÚSCULO, fazendo existir alguma coisa no meu olhar perdido que o incomoda a ponto de parar com o violão, com as histórias de forasteiro. E não há disfarce, nem roupagem de cotidiano, que me faça esconder ela de mim, que vem doída, cambaleante, entorpecida de tempo. Talvez mais triste que feliz, relembrando desfechos, inícios, congestionamentos de nós dois assim, contentes, com palavras enrugadas e boniteza farta em nossos olhos que calam sempre tudo.

terça-feira, novembro 30, 2010

SAMBA

Dentro do samba, cabe eu, cabe você, cabem suspiros apaixonados meus e nossos beijos acelerados, sincopados feito as batidas do bumbo. Antes da brincadeira sempre venho mais forte, com pompa, com certeza, com malícia e antes de mim vem você, abrindo alas para eu passar inteira, fazendo sentido e existindo assim na língua, na palavra, na vida, no próprio samba que mora em mim.

Concebemos assim... palavras e achados, que passam pelo corpo repentista, que deseja, que assalta, que sussurra vontades e gingas. Corpo que samba, que toca, que fala, que exala poesia. Nesta mistura que se faz, entre emes, antes dos pês e bês, vem eu, vem você e nossas ideias avassaladoras da alma que não para e que acredita em tantas coisas ainda.
Seu sorriso levado e farto de tão bonito me demora, me devora, me desassossega de motivos. Quantas vontades, quantos abraços existem e quantos beijos possíveis. Não deixe o samba morrer porque nele mora a nossa possibilidade, a nossa fagulha, o nosso príncipio de algum canto, o sentido da gente, um dia, seguirmos juntos.

terça-feira, novembro 23, 2010

velho conhecido

Vejo nitidamente a pontinha dele chegando com suas brincadeiras, com a sua língua entre os dentes, com seus puxões no meu cabelo, com aquele seu jeito de me embalar dentro de você, tudo misturadamente. Sinto o cheiro, o toque dele em mim, como se fosse um velho conhecido, fazedor de histórias bonitas, dizendo que tá vindo acompanhado de seus cafunés, da sua agressividade de homem menino, entre nossa troca de olhares silenciando qualquer palavra frenética que venha a existir.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Anagrama

Mãos devoradoras de mim, ladrão de sossegos
Caçador de sorrisos, seguiu o rastro e os astros
Incendiou meu corpo, me virou do avesso

Bicho liberto, solto na relva, enroscado nos meus cabelos
Fazedor de manhas, malícias e marolas
veio de presente, quente, valente, cheio de história

Entre suores, cheiros e salivas
Revolto como o mar, o mar, o mar

terça-feira, novembro 02, 2010

Beijo

Cheiro de banho despertando os sentidos, os afagos, as delícias de ser o que é. O colorido se faz de conta de uma porção de histórias e enlaces. E a gente se encontra no meio da multidão, das danças presas em nossas pernas e braços. Somos contentes, sorrisos, abraços e estardalhaços.

Eu, você e o resto do mundo. Nossos segredos todos estendidos na pista de dança. Você, o resto do mundo e eu, de abraços e sussurros. Numa contagiante felicidade errada, mas tão nossa.

Beijo prometido, estancado, escondido, namorador das madrugadas. Beijo nas escadas, descalços, colados, repetidos na eternidade de um minuto. Beijo nosso de tanto tempo. Beijo comungado, selado, abastado de tanto desejo. Beijo, beijo, beijo. Mordido, estendido, abastecido.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Antíteses

Sozinhos. Pois, não? Envolto de sorrisos, de olhares, de copos e abraços. Mas no final das histórias, somos só nós mesmos. Calados em nossos gritos. Sossegados em nossos incêndios. Vestidos em nossos stripteases.

E quando? E como? E onde? Desbotoamento de um querer tão do fundo da gente. E dói bonito. Sem lamento, sem raiva. Só dói simples assim. E faz tremer a voz, carecer o corpo de outras virtudes. E de ver você horinha ou outra, de soslaio, debaixo da sombra, ou da nuvem que te acoberta de choro em suas dúvidas de uma vida inteira.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Marejando...

"Hoje não somos os mesmos, mas somos mais juntos. Sabemos mais uns dos outros, e por esse motivo, dizer adeus se torna difícil. Digamos então, que nada se perderá, pelo menos dentro da gente."

João Guimarães Rosa
E depois que eu vi tudo azul no restante do dia. As imagens se embaralhavam e nada mais existia pra mim. E dentro dos meus olhos estava o mar. Triste, doído, apertado.

sábado, outubro 16, 2010

Meu Copo de Mar

Beijos nervosos no vagão do metrô sob olhares constrangidos e misturados. Eu mesma morri de vontade. Fiquei bebendo de cada aperto que o menino de olhos miúdos dava na moça colorida. Nem aos meus dezenove me permitia tamanha liberdade e gostosura acelerada no meio da multidão. Talvez seja por essas e outras que ultrapassar a difusa fronteira dos nossos anseios seja tão meu e tão demorado. Jeitos de uma vida inteira, de uma meninice choradeira, de solturas reprimidas.

Mas aí vem você e todas as suas letras certeiras. Aquieta as minhas covardias e ainda me leva no colo pra casa com todos os cuidados que cabem. Reiventar a realidade e criar outras relações possíveis é o que eu mais quero agora.

quarta-feira, outubro 13, 2010

Amanheceres...

Era um eu te amo maior, tem certeza que era. Não desses de namorados ou apaixonados subitamente. Era aquele eu te amo que abraçava o mundo, concebido durante muito tempo, a cada momento pequeno juntos. Um eu te amo que ultrapassava o estar de agora. Um eu te amo para o além, o depois do vir, daqueles que perduram sem precisar fazer nada para ele continuar na ponta da língua. Um eu te amo que vinha limpo, tão despretensioso de outra coisas que precisavam estar ligadas à declaração. Um simples e sincero eu te amo que ele falava com desenvoltura, mas com uma dor de adivinhar que ele mesmo escolheria calar. Tampar o céu da boca para não mais falar aquele eu te amo redondo pra ela, de sorriso aberto, que começou inventar outras histórias depois que ele nunca mais falou. Era um eu te amo bonito, de um constante amanhecer alaranjado. Porque o amor deles era dado aos amanheceres...

segunda-feira, setembro 27, 2010

Faro

Aos 15, o emaranhado de sentimentos era maior que os nós nos cabelos. Não entendia, desde então, mas escrevia, mas achava, mas tocava quantos estudos coubessem. O violão tocado na penumbra sempre foi um bom companheiro para as longas tristezas adolescentes.

Aos 29, ela corre. Da tristeza, da saudade, das incoerências todas. Abre um sorriso e faz bolo de chocolate. E café no coador, e chama o taxista de querido, e festeja todas as fases da lua. Mesmo com a chuva caindo.

Os nomes vão se escrevendo no memorial do esquecimento. O borrão tem cor branca, assim como a espera. E ela escolhe continuar de mãos dadas com o vento na cara. Prefere acreditar nela mesma. Fareja dias melhores.

sábado, setembro 18, 2010

Blá Blá Blá

Esquece tudo que eu falei pra você ontem à noite. Esta embriaguez de razão é medo. Medo de tudo isso que há, e que fica, e que cresce quando a gente se põe os olhos um no outro. Um tanto de blá blá blá confuso e contraditório. Tentando explicar o que não se explica, o que é da gente e pronto. E continue fugindo de mim, se esgueirando quando eu passo perto. Porque se ficar onde está, você vai se perder. De você mesmo e do mundo.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Primavera

Dizem pra mim que você vai voltar depois do inverno. Assopram azul quando menos percebo. com este prenúncio, a calma vem e torno a sentir o aroma do café. Misturo o pó com vontade na água fervente. E minhas lembranças se desanuviam com a fumacinha generosa da chaleira.

terça-feira, setembro 07, 2010

Dislexia

Quando tenho uma atitude terrena, aquela mesma que as pessoas mais sensatas esperam de mim, você me mostra aquela sua tatuagem da esperança no seu braço esquerdo. Aí eu saio do prumo: canto Help! dos Beatles, fujo pras montanhas, tomo um porre e volto a sorrir daquele jeito que você mais gosta. Pudera não ser assim, com este meu amor estampado no corpo inteiro, soltando mais os meus cabelos, permanecendo nesta dislexia passional. Agora quem não consegue ler sou eu.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Quase

‎"... Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão."

Clarice Lispector

Pois não é isso mesmo? Saindo pelos poros, pelos gestos, pelo transbordamento do olhar? Eu, você e os nossos papos perdidos na rua. A gente escondido debaixo da lua que cresce mansa solta no céu. Você, eu e as todas as nossas desculpas esfarrapadas para estarmos lado a lado por alguns minutos, bebendo uma cerveja, uma pinga, qualquer mistura de loucura e coragem, que seja. Você e sua camiseta branca estampando uma vontade sem palavras e tão gritante. Eu e meu vestido jeans carregando os meus diabos todos que clamam todas as madrugadas por você. Nós dois e os nossos sorrisos casados desde antes da gente nascer.

quarta-feira, setembro 01, 2010

Batizado

Me olhava com seus olhos de sem fim quando batizou aquela fitinha amarela amarrada ao volante em nome de São Gonçalo do Amarante. Desde então, ela ficou lá, abençoada e abençoando os meus caminhos com sua cantoria própria. Fico pensando que a gente não se encontra mais neste mundo. E a nossa história está ligada apenas por um nó sujo de graxa e poeira deste estradão. Uma fita esgarçando-se com o tempo guardando a nossa promessa de futuro.

domingo, agosto 22, 2010

Elas

Mulheres na cozinha. Magia temperada com noz moscada. Embrulhos da memória com sabor de açucar. Mandinga com geleia fresca. Pimenta com lágrima da filha mais nova. Nostálgicas sob o exaustor da velha casa. As mulheres e suas saias injustas, que não escondem as mágoas, nem a falta que ele faz ali. O pai. A cor que ficou faltando naquele retrato de família. O nome que o loro não sabe gritar no quintal cheio de segredo dos tempos. E as receitas se misturam às risadas delas, das mulheres, que correm com as lembranças de barro compartilhadas no almoço de domingo e suas alegrias clandestinas digeridas com nhoque ao sugo.
PS - Em sua homenagem, amiga amada.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Absolutos

Já não consigo mais diferenciar o que é meu e o que é seu neste caminho conjunto, no qual não paramos de celebrar de mãos dadas. Perdemos o medo da denúncia. Nós somos. Simplesmente nos reencontramos e nos reconhecemos desde então. Por isso das nossas risadas intermitentes, dos nosso olhares iluminados, do nosso tempo enfeitado de cor e da nossa certeza jagunça.

segunda-feira, agosto 02, 2010

Nós Dois

Naquele dia tive certeza que de nós dois viria mais. Eu com minhas sacolas de barro diante das escadas e um sorriso à minha espera com o nosso futuro dentro. Tomou em suas mãos as minhas preocupações todas e partimos para nossa galáxia particular.

quarta-feira, julho 28, 2010

Gastejo

Tá indo embora nossa brincadeira boa. Com o vento, com o tempo, com o falatório dos curiosos... Seu olhar já não me diz tantas coisas. Ele se repete e se acostuma com a visagem. As horas se vão acalmando, os momentos passando, o calor se abrandando... O sabor de maracujá ainda fica entre nós de uma vontade não feita, de um beijo não dado, de um sorriso não dito. Os nossos olhares já se gastaram neste tempo que não espera. Nossa história se finda sem ponto final, mesmo antes de ter começado. E o que resta são os nossos sonhos, de estrada afora, de outra vida escolhida. Nós dois e um destino à nossa espreita.

quarta-feira, julho 07, 2010

Pronomes

Delírios meus. Saudades dele. Vontades todas minhas de ser muito sua. A raiva é passageira, mas me rasga, me cospe, me dilacera sem demora. A coragem é fortuita e fica sempre entre aquele nosso olhar de querer mais. Pois a covardia é um deleite, um desejo realizado, uma calça sem pregas, tudo feito nas coxas e às costas. Porque este nosso jeito demorado de fazer, de bordar nossos sonhos, na descoberta das nossas melhores risadas, só pode ser coisa corajosa, de valor, de prenda boa.

sábado, julho 03, 2010

E depois...

"Minha alegria, assim tanta, só pode ser errada."
Mia Couto
E depois que o silêncio me traz tudo de volta: suas mãos desenhando o que a sua voz não diz. E essa lembrança fica acesa, apegada dentro de mim. Fazendo brotar essa coisa de querer te ver logo, da gente rir junto e começar tudo sempre de novo. E as nossas contradições derrubam quaquer postulado, lei ou código de ética. O caminho é aquele que faz pulsar, que desmesura a nossa seriedade de coisa nenhuma, que resgata a nossa agressividade de homem e mulher, que transforma a gente em coisa melhor.

domingo, junho 27, 2010

A Felicidade tem cor Canoa

Era uma alegria desvairada, sem nome, sem documento. Dessas que vem quieta, desassossegada de motivo. E ficou nela, fabricando um olhar apaziguador e gargalhadas à toa. Ela, bochechas denunciantes e unhas de canoa. Pensava nele sempre. Bastante. Ele, olhos falantes e abraço quente. Afinados eles estavam diante daquele casamento inevitável. As exclamações se faziam a cada encontro. Era como se fizesse coro com as batidas no peito e o bumbo da bateria do palco. Ele trazia o que era de mais feliz e simples dela. Prosa poética. Tatu no jardim em dia de sol. E ele se fazia um tanto contente ao lado daquela que lhe arrancava confidências, divagações, anseios e sonhos de infância. Justamente daquela que o desconcertava quando soltava os cabelos que insistiam presos. Os dois se acarinhavam sempre com aquele olhar de dizer tudo e tanta coisa. Segredo dado aos ventos, que fazia cócegas no ambiente e provocava a curiosidade das pessoas. Era um segredo que selava aquele união feliz de dois cúmplices que se queriam e se tinham muito mais que muitos outros.

sábado, junho 26, 2010

Passagem

E foi num desses momentos ensimesmados, quando a vida cobra da gente, que a nossa história tratou de se desenrolar no mundo dos homens. Já era hora de rasgar-se por aí pra ver o quanto teríamos que nos remendar até ficarmos juntos.

sábado, junho 12, 2010

Desencantado meu...

Quem é você? És aquele que vai me alforriar dos restos de outrora? Quem é você, dono de "puxadinhos" grandes, confusos e confidentes? Quem é você, afinal? Que me acelera sem me tocar, que me faz sorrir bastando junto estar? Quem é você, querido meu? Haku? Tsuru? Inhambu?

domingo, junho 06, 2010

ímpar

Selvagem ela. Um espírito livre demais para andar de mãos dadas, dormir abraçada ou ficar de rosto colado. Ela é ímpar. Não nasceu para ser par.

quinta-feira, junho 03, 2010

Sua

As nossas vontades todas estão me convocando a ver estrelas. É como se fosse um jogo, uma busca, uma saudade de todos os dias. Já não consigo ser mais eu. Sou sua.

quarta-feira, maio 26, 2010

Santidade

- Sêo Jesus, vamos fazer uma festa julina?

- Julina ou Junina?

- Julina, em julho.

- Mas Santinha... Em julho não tem santo pra fazer festa.

- Uai, e a gente tem que fazer festa pra santo?

- Ah se tem! Fazer festa sem santo é afrontar eles.

segunda-feira, maio 24, 2010

Feito pra acabar

"Era um serenado sozinho, uma limpa de ideia, um conselho sem palavras que se recebia, tudo abençoava".

João Guimarães Rosa em Em Campo Geral (Manuelzão).

As Donas Montanhas da Mantiqueira sob os olhos de Momô

Quando a gente põe os olhos para mais longe*, nesses momentos de respeito, o danado do nosso pensamento concebe demasiada filosofia e voa de tanto sonho e divagação. É como se o cotidiano fosse mera fachada pra uma coisa muito maior deste mundo. E gente pudesse olhar lá embaixo e dá uma risada baixinho de todas aquelas coisas que tanto causaram aflição e que são tão pequenininhas. A gente respira, olha, olha, olha e não vê fim do caminho. E aprende que aquela alegria quente que surge no peito quando a descoberta se faz talvez seja a tal da paz.

E nesse grande não saber nada, das nossas desconfianças boas de todas as coisas, nas "quase" histórias que conquistamos ao longo da caminhada ora tranquila, ora intensa demais, a gente vê que somos sim, e muito. E não é o quase que incomoda, mas o nosso olhar que entende do cabimento do amor, da finitude, da nossa paciência com o tempo e da sensatez que somos feitos pra acabar. Talvez, o que a gente quisesse é não saber tanto.

OBS: Feito pra acabar é uma canção linda de Marcelo Jeneci, José Miguel Wisnik e Paulo Neves. Assista a interpretação de Laura Lavieri e Marcelo Jeneci sob o olhar sensível de Eric Rahal.

Feito pra Acabar

Quem me diz da estrada que não cabe onde termina
Da luz que cega quando te ilumina
Da pergunta que emudece o coração?
Quantas são as dores e as alegrias de uma vida
Jogadas na explosão de tantas vidas
Nesse escudo que não cabe no querer?
Vai saber se olhando bem no rosto do possível
O véu, o vento, o alvo, o invisível
Se desvenda o que nos une ainda sim
A gente é feito pra acabar
A gente é feito pra dizer que sim
A gente é feito pra caber no mar
E isso nunca vai ter fim.

segunda-feira, maio 17, 2010

Cantoria

Estação da Luz por Tais Coppini
Sob um céu pintado de rosa e uma Lua nova que evocava o que mais belo existe em nós, a cantoria se fez. E eu de simples, fiquei composta. Na galáxia própria dos cancioneiros, dos quatro amigos violeiros, viajei com São Jorge Guerreiro, na sua garupa, nas estampas eucalol, em busca de aviso. E não foi que eu voltei do céu carregando no colo um sorriso?
Bicho de Sete Cabeças
Geraldo Azevedo/ Zé Ramalho/ Renato Rocha

Não dá pé não tem pé nem cabeça
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito
Não tem nem talvez
Ter feito o que você me fez
Desapareça cresça e desapareça
Não tem dó no peito
Não tem jeito
Não tem coração que esqueça
Não tem ninguém que mereça
Não tem pé não tem cabeça
Não dá pé não é direito
Não foi nada eu não fiz nada disso
E você fez um bicho de 7 cabeças
Bicho de 7 cabeças