Abraço do Mundo

Têm dias que a gente acorda com o “achômetro” ligado. E aí é aquela descarga de sentimentos, ora bons, ora ruins... uma miscelânea só. Fulana me respondeu friamente. Ciclano nem ligou para meu e-mail. Beltrano gosta de mim realmente. E por aí vai...

Hoje, em particular, acordei com vontade de abraçar o mundo. E colocar numa caixa bonita todas as pessoas que eu verdadeiramente estimo, e sair por aí, exibindo-as na cestinha da bicicleta. Pra mim não há melhor presente que meus amigos verdadeiros. São pra toda vida, não importa meu cabelo, minha pele ou se engordei dois kilos. Eles sempre serão amigos de alma.

Mas por essas andanças, a gente, de repente, descobre que pessoas que a gente já gostou tanto e também fomos gostados tanto por elas, mudam simplesmente. Coisa de natureza, claro. Não é nada bom ou mau. Mas faz parte de processo de reciclagem, dos gostos e desgostos, do amadurecimento ou do contrário. O que acontece é que a amizade se perde no meio do caminho, fica escondida no vizinho e se esvai, como uma coisa velha do passado ou algo sem sentido no presente. E a gente faz cara de contente e segue o rumo meio sem jeito, como quem nada sente.

E no meio do caminho, chega pra prosa um anjo ligeiro, sincero e seresteiro, que faz a risada nascer de novo. Ele fala, grita e, exultante, acorda a gente de um sono passageiro: a de que a vida é cruel. Todas as dores sentidas são desvalidas e futuro nos espera de braços abertos como a imensidão do céu.

Eita, anjo danado de sabedoria e viva suas palavras cheias de cantoria!