Causos de BUSÃO
Sabe, eu vivo cantando aqui em casa este hit, mas ninguém acredita, embora seja muito verdade:
"ão, ão, ão, adoro pegar busão"
E desde que Donzinho entrou na minha vida, é meio raro isso acontecer. Mas neste último domingo, fui ao cinema na Paulista e peguei meu busão preferido. Fora o cara "target" que mexeu comigo, teve um caso gozado no ônibus.
Tinha um cara, mais ou menos uns 55 anos, olhos claros, falava bem e com um vocabulário selecionado. Ficou na parte da frente do ônibus, enquanto seus filhos (4 filhos) aparentemente todos gêmeos (3 meninas e um menino), mais ou menos com uns 10, 11 anos, estavam na parte do fundão do ônibus, num conversê danado de irmãos.
Em determinada hora, o PAI foi conversar com o cobrador sobre sua situação. Ele tinha apenas R$1,50. Foi tirar dinheiro na lotérica e não havia nada na sua conta. N-A-D-A. Ele precisava levar as crianças até a Faria Lima. E, a pé, à noite, ele temia pela segurança dos meninos. Como ele mesmo disse, "esta cidade é insólita". Conversa vai, conversa vem, fez amizade com o cobrador. Falaram de filhos, situação ecônomica lastimável e futebol! Isso mesmo! E foi aí que gostei mais ainda do cobrador gente boa. Ele era bem corinthiano e por causa dele desobri que o menino de gorro azul era corinthiano também. O PAI e seus filhos também eram corinthianos. E todos nós, corinthianos, estávamos felizes com a vitória linda do nosso time. E o busão seguia numa energia alvi-negra.
Sei que, chegando quase na Faria Lima, o cobrador aceitou o 1,50 do PAI e deixou ele passar a catraca, mesmo faltando os 0,80 centavos. Provavelmente ele deve ter inteirado do bolso dele. Afeiçoei-me ao cobrador. O mesmo cobrador que imaginara que eu estava acompanhada ao "lindo" do gorro azul.
Os filhos foram se amontoando na porta de saída, felizes e aliviados e questionando as palavras difíceis do PAI. Eles se puxavam, riam e brigavam. Tudo ao mesmo tempo, tudo na mesma idade. Todos eles disputando as duas mãos do PAI. Todos eles juntos.
Senti uma fisgada de saudade de quando dormia no mesmo quarto dos meus três irmãos. Era uma farra completa, éramos uma trupe, um conjunto, um jogo, um time. Éramos as pontas de um quadrado, de uma mesa, dos sofás, dos beliches... Éramos um cacho de bananas, quatro canecas de leite espremidas no banco de trás do doge do meu pai. Éramos quatro filhos. Corinthianos. E felizes!
"ão, ão, ão, adoro pegar busão"
E desde que Donzinho entrou na minha vida, é meio raro isso acontecer. Mas neste último domingo, fui ao cinema na Paulista e peguei meu busão preferido. Fora o cara "target" que mexeu comigo, teve um caso gozado no ônibus.
Tinha um cara, mais ou menos uns 55 anos, olhos claros, falava bem e com um vocabulário selecionado. Ficou na parte da frente do ônibus, enquanto seus filhos (4 filhos) aparentemente todos gêmeos (3 meninas e um menino), mais ou menos com uns 10, 11 anos, estavam na parte do fundão do ônibus, num conversê danado de irmãos.
Em determinada hora, o PAI foi conversar com o cobrador sobre sua situação. Ele tinha apenas R$1,50. Foi tirar dinheiro na lotérica e não havia nada na sua conta. N-A-D-A. Ele precisava levar as crianças até a Faria Lima. E, a pé, à noite, ele temia pela segurança dos meninos. Como ele mesmo disse, "esta cidade é insólita". Conversa vai, conversa vem, fez amizade com o cobrador. Falaram de filhos, situação ecônomica lastimável e futebol! Isso mesmo! E foi aí que gostei mais ainda do cobrador gente boa. Ele era bem corinthiano e por causa dele desobri que o menino de gorro azul era corinthiano também. O PAI e seus filhos também eram corinthianos. E todos nós, corinthianos, estávamos felizes com a vitória linda do nosso time. E o busão seguia numa energia alvi-negra.
Sei que, chegando quase na Faria Lima, o cobrador aceitou o 1,50 do PAI e deixou ele passar a catraca, mesmo faltando os 0,80 centavos. Provavelmente ele deve ter inteirado do bolso dele. Afeiçoei-me ao cobrador. O mesmo cobrador que imaginara que eu estava acompanhada ao "lindo" do gorro azul.
Os filhos foram se amontoando na porta de saída, felizes e aliviados e questionando as palavras difíceis do PAI. Eles se puxavam, riam e brigavam. Tudo ao mesmo tempo, tudo na mesma idade. Todos eles disputando as duas mãos do PAI. Todos eles juntos.
Senti uma fisgada de saudade de quando dormia no mesmo quarto dos meus três irmãos. Era uma farra completa, éramos uma trupe, um conjunto, um jogo, um time. Éramos as pontas de um quadrado, de uma mesa, dos sofás, dos beliches... Éramos um cacho de bananas, quatro canecas de leite espremidas no banco de trás do doge do meu pai. Éramos quatro filhos. Corinthianos. E felizes!
3 Comments:
Que lindo isso. Queria muito ter uma família grande e unida.
Miga,
deu algum problema nesse post ou minha percepção para textos pós-modernos anda limitada? ;)
Bjos,
Ju
Ah, agora sim! :)
Lindo texto, amiga... e compartilho da sua euforia pelo transporte público (ou, no meu caso, aversão às agruras da direção, heheeh).
Bjos!
Ju
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