quinta-feira, outubro 02, 2008

Nhambuzim

Foi uma das melhores descobertas musicais dos últimos tempos: Nhambuzim. As canções traduzem os personagens e o universo roseano com uma verdade impressionante. A emoção é constante diante de um Miguilim num quintal de passarinhar, diante da Diadorim com as veredas secas dentro do coração, diante da revoltante morte do Joca Ramiro, diante de um Riobaldo frágil e apaixonado.
Conheci este grupo em 2007 muito por acaso. Aí os reconheci neste ano, no show histórico no Centro Cultural Vergueiro. Uma energia circular os protegendo, 600 pessoas presentes celebrando João junto com esses pássaros paulistanos. Em setembro, a turma pousou lá no Ipiranga e fizemos cantoria bonita. Afora a tremenda festa em que eles fizeram num show do Braz, como convidados especiais.
Se Rosa tivesse vivo abençoaria esses meninos todos com demasiado gosto.

Fomos todos sertanejos

“Moço: toda saudade é uma espécie de velhice.”

À tarde, quando a moça abrir a janela para assistir ao correr do mundo, deixará também seu próprio mundo escapar. Ela nos verá, mas nós também a veremos. Ninguém abre uma janela impunemente. No vão quadrangular onde dentro e fora se encontram, todos os olhares espreitam. A moça se debruçará no parapeito e, sem querer, deixará o passado vazar. Diante de nós, acolá das persianas, surgirá a memória de um sertão ancestral, estranhamente familiar. Uma lembrança herdada de nossa bisavó sertaneja, idêntica àquela moça e a outras tantas que em certos grotões ainda abrem janelas para deixar o tempo escorrer. A gente adoece de cidade porque sente saudade do sertão. Uma saudade antiga de um tempo desaprendido (ou desvivido), quando corpo e alma eram expressão – e extensão – da terra. Saudade do cheiro dos currais, da chuva abençoada, do pé na lama, da mão no barro, dos dias medidos pelo sol, das horas que não andam, das estradas que não levam. Quando a gente adoece de cidade, é hora de abrir as janelas. O sertão é a cura.
Por "Nhambuzim" Xavier

2 Comments:

Blogger Unknown said...

Aaaaaahhhhh Mônica!!!
Somos tudo isto mesmo?
Vixe, suas palavras nos enche de orgulho e nos deixa com uma baita sensação de dever comprido.
Que elas ecoem pelo mundo e que outros tenham os mesmos olhos que ti, só assim teremos certeza de que acertamos em nossa caminhada. Até lá, que muitos bons amigos como ti venham fazer parte da nossa roda.
Moça: toda alegria tem tempo certo para acabar, mas que ela seja eterna em nossas lembranças.
Que a gente continue espalhando boas lembranças.
Beijão

5:06 PM  
Blogger Mônica said...

Puxa, que surpresa boa!
Mas é isso mesmo, Edson. Nhambuzim já se eternizou na lembrança de muitos. E 'bora' que tem muita travessia ainda.
Beijão, queridão. Inté mais! E obrigada pelo comentário carinhoso no meu cantinho de "escrivinhação".

Mônica

6:59 PM  

Postar um comentário

<< Home