quinta-feira, agosto 24, 2006

Abandono

Ele foi embora. Assim, sem mais, nem menos. Quem há de saber seus motivos? Nada declarou. Simplesmente pegou suas coisas e deu o fora. Só restou o cachorro. Ela calou-se, magoada. Sabia que a relação não estava-lá-essas-coisas. Parte dela não quer falar disso, só pensa em seguir em frente e lembrar-se dos momentos bons. Mas a outra parte questiona: por que ele fez isso? Os curiosos de plantão, que acompanhavam a relação, por mais que especulem, não sabem o porquê deste abandono. Não há luz suficiente para deixar tudo às claras. Resta somente uma lanterna. Ainda.

O comportamento das pessoas decepciona, frustra e envergonha. Carlos Alberto não será o primeiro a abandonar o barco sem dar nenhuma explicação, sem proferir nem um tchau em consideração a todo amor a ele dedicado, a todo carinho, a linda história de um ano e meio. Muitas histórias de amor ou de amizade acabam assim: sem explicações. Eles simplesmente vão comprar cigarro e não voltam nunca mais, deixando um inconformismo no ar. Seria tão mais fácil se houvesse uma franca conversa.

Tudo bem... Confesso que o amor mesmo era dela pra ele. Acho que Carlos Alberto apenas gostava um pouquinho e simplesmente cumpria um papel. Mas ela acreditava nele, torcia muito por ele, mesmo sabendo que não havia aquele amor todo não era recíproco. Mas tudo bem... Desde que cumprisse com suas obrigações... (ele sempre cumpriu!). Ela se identificou com ele, com aquele seu jeito de menino moleque, rebelde, quieto, mas tão intenso e maravilhoso naquilo que sabia fazer de melhor. Quantas saudades ele vai deixar.

Não tem clima para ele voltar agora. Com essa atitude infantil não há mais carinho. É melhor que fique onde está. Mas fico me perguntando qual será o comportamento dela daqui pra frente? Como uma mulher traída? Uma viúva alegre? Uma noiva em fúria? Não. Acho que ela é guerreira demais para sucumbir ao sofrimento do amor. Ela luta até o fim e acredita na sua força. Porque na verdade, Carlos Alberto foi mais um na vida dela, entre tantos outros...

Ela tem um amor maior, bem maior, que transcende. Um amor que é a razão de toda sua existência e de sua história. Amor eterno, abençoado por santo e embalado com canções populares. Amor contestado, amor invejado, amor que aglomera, que morre, que vive. Um amor-ideal, um amor-esperança.

Carlos Alberto não entendeu nada disso. Uma pena! Eles podiam ter ficados amigos...