sábado, maio 01, 2010

Paulicéia e Eu

Divago com um sorriso pequeno. Já faz um tempo que evitava ficar comigo mesma. Vontade de dançar junto, um bolero, algo assim... embora saiba que não tenho o mínimo traquejo pra isso. Ando na Augusta e vejo tanta diversidade. Apaixono-me tanto por esta cidade nas noites de outono, vestida de meias pretas, botas, saias tão charmosas. Sinto o cheiro de escapamento, dos perfumes diversos, do sushi e da pizza... E vejo a criatividade brotando em cada esquina com um guitarrista tentando ganhar uma moeda ou um veganiano tentando me convencer a parar de comer carne.

Saudade tanta. Mas sei que preciso disso. Desta ausência toda. E aí curto a fossa com a multidão paulistana junto de mim, espremida no metrô, nos esbarrões na calçada, na superlotação das padarias, na fila da livraria.

Preguicinha. É o nome do esmalte que escolhi. Pois é. Temático para esses primeiros dias de férias. Por que fujo tanto de mim assim? Falta coragem pra encarar meus monstros de perto. Canso de esperar o ônibus que vai me levar embora. Decido ir de metrô faltando dez minutos para passar o último trem. Lotada a estação. Como se fosse uma balada. E eu e minha solidão desfilando juntas, caminho contrário, nas ruas escuras do bairro que me acolhe há um ano. E o curioso é que não tenho medo daqui, nem de nenhum canto desta cidade. Destreza pra sobreviver me acompanha. Porque os cantos escuros que mais me preocupam são os escondidos em mim.
nascer do Sol no Ipiranga

2 Comments:

Blogger Carolina said...

Que texto bonito minha prima! Essa cidade, para a sorte das solitárias caminhantes da paulicéia, acolhe a solidão. Nos últimos trens, nas salas vazias dos cinemas nas segundas a tarde, nos café apressados, nas infinitas possibilidades de caminhos da livraria...

11:41 PM  
Blogger zeu said...

As vezes me pergunto o que há em nós mesmos que nos dá medo até mesmo de tentar descobrir "até onde vai o buraco do coelho".

11:33 AM  

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