Resignação
Faz quase dois meses que comecei a treinar 'corrida'. Estava incomodada com o fato de estar sem fazer nenhum exercício físico, só engordando, minha capacidade pulmonar regredindo, pensando que meu cérebro estava meio "em descanso" por falta de oxigenação necessária. Pirações à parte, precisava mexer meu corpinho de 28 anos, antes que fosse tarde. E na falta de outras coisas acontecendo na minha vida, precisava sentir aquela sensação prazerosa da endorfina liberada assim que nos exercitamos. E lá fui eu procurar uma turma, um professor, uma camisetinha patrocinada, um tênis adequado para sentir meu coração mais pulsante.
Nas primeiras semanas fui a café-com-leite mais notada da galera. Sem condição nenhuma de correr por falta de ar e preparação, eu só andava e andava. Entre as ruas tranquilas da USP e a pista arborizada do Parque Villa-Lobos, quando olhava aquela legião de corredores me ultrapassando, ficava muito tempo a pensar: será que um dia eu consigo?
E entre acordar 6h da matina e ficar dormindo um pouco mais, comecei a pegar firme. A minha maldita companheira, a Dona Asma, deu um chá de sumiço. Ela, que sempre se fez lembrar em momentos decisivos como nos campeonatos de natação da minha infância, nos beijos mais longos e na minha peregrinação às alas hospitalares em que estão localizados os queridos inaladores, companheiros de cantoria nas madrugadas de crise.
Ainda não emagreci quase nada, confesso. Sinto que estou com o corpo bem mais disposto, que não preciso dormir tanto para me sentir bem e que minha cintura tá afinando. Meus colegas de corrida falam: "não desista, menina". Ops! Claro que não! E lá vou eu entre aquela legião de corredores, todos me ultrapassando e eu com meu humilde trote, tô chegando lá. A galera culturete do trabalho diz que trote é coisa de poltra, de cavalo. Gozações à parte, trotar é um verbo que comecei a conjugar bastante.
Hoje, durante o meu percurso de 5km onde estava correndo - literalmente, acreditem! - e recheada de resignação para concluir meu treino, pensei em tudo isso... nessa trajetória, na minha respiração, na minha ansiedade em demasia, nas minhas idéias voadoras, nos meus pés no chão. Estou contente por estar determinada neste momento em vencer a asma, em melhorar meu físico, em ter mais saúde e conseguir correr 5km sem parar. Porém, mais que tudo isso, é o instante de desassossego que é posto em reflexão durante os km/h. É saber que o tempo voa, que o tempo corre e anda e o que a gente pode fazer com ele. É sentir o quanto a gente pode mudar, movimentar e dançar com as nossas atitudes. É saber o quanto a gente pode com tudo nesta vida. Até com aquilo que parece impossível aparentemente.
Correr pra mim é resgatar um sorriso esquecido dentro do peito. É adormecer um gato. É meu instante infinito.
Nas primeiras semanas fui a café-com-leite mais notada da galera. Sem condição nenhuma de correr por falta de ar e preparação, eu só andava e andava. Entre as ruas tranquilas da USP e a pista arborizada do Parque Villa-Lobos, quando olhava aquela legião de corredores me ultrapassando, ficava muito tempo a pensar: será que um dia eu consigo?
E entre acordar 6h da matina e ficar dormindo um pouco mais, comecei a pegar firme. A minha maldita companheira, a Dona Asma, deu um chá de sumiço. Ela, que sempre se fez lembrar em momentos decisivos como nos campeonatos de natação da minha infância, nos beijos mais longos e na minha peregrinação às alas hospitalares em que estão localizados os queridos inaladores, companheiros de cantoria nas madrugadas de crise.
Ainda não emagreci quase nada, confesso. Sinto que estou com o corpo bem mais disposto, que não preciso dormir tanto para me sentir bem e que minha cintura tá afinando. Meus colegas de corrida falam: "não desista, menina". Ops! Claro que não! E lá vou eu entre aquela legião de corredores, todos me ultrapassando e eu com meu humilde trote, tô chegando lá. A galera culturete do trabalho diz que trote é coisa de poltra, de cavalo. Gozações à parte, trotar é um verbo que comecei a conjugar bastante.
Hoje, durante o meu percurso de 5km onde estava correndo - literalmente, acreditem! - e recheada de resignação para concluir meu treino, pensei em tudo isso... nessa trajetória, na minha respiração, na minha ansiedade em demasia, nas minhas idéias voadoras, nos meus pés no chão. Estou contente por estar determinada neste momento em vencer a asma, em melhorar meu físico, em ter mais saúde e conseguir correr 5km sem parar. Porém, mais que tudo isso, é o instante de desassossego que é posto em reflexão durante os km/h. É saber que o tempo voa, que o tempo corre e anda e o que a gente pode fazer com ele. É sentir o quanto a gente pode mudar, movimentar e dançar com as nossas atitudes. É saber o quanto a gente pode com tudo nesta vida. Até com aquilo que parece impossível aparentemente.
Correr pra mim é resgatar um sorriso esquecido dentro do peito. É adormecer um gato. É meu instante infinito.
2 Comments:
Que lindo texto, amiga. Adorei a reflexão. Cada vez mais eu descubro que nosso corpo tem muito a nos ensinar. Às vezes, preocupadas sempre com as caraminholas da mente e com os desasossegos da alma, a gente se esquece de ouvi-lo. Mas, deixando-o falar, ele é um ótimo e sabido conselheiro. ;)
PS - Vc é minha heroína por considerar a hipótese de correr 5 km sem parar!!
Queridona, adoro a forma doce como insere as profundas relexões nas coisas do dia a dia..adoroooo!!!
E sobre a corrida, parabéns!! Sabe que minha irmã começou assim também e hoje faz 21Km bem e de forma saudável..é uma construção, uma conquista...e cada passo uma doce descoberta sobre seu corpo, sua alma e seu coração!
Continue firme!
Quando eu for a Sampa, quem sabe não corremos nós 3? Quer dizer...vc e minha irmã correm e eu seguro a mochila caminhando logo atrás ;)
Beijão!!
Tams
Postar um comentário
<< Home