Caos Calmo

Diante de uma situação de caos, o que você faz? Chora, dá risada, despiroca total, corre feito Furrest Gump, grita, bate, dança, esconde-se em uma casca qualquer, finge que não é com você, fica paralisada? O causo é este: você acaba de salvar uma quase-vítima de afogamento na praia. Você quase morre, pois a quase vítima lhe dá vários caldos no auge do seu desespero dentro do mar. Aí, quando você chega na sua casa, a poucos metros dali, acha sua esposa estatelada no chão, morta, com sua filhinha do lado chorando e questionando "onde você estava, pai?"Há alguns minutos, ela sofrera um mal súbito, caiu, morreu, pois o socorro não chegou a tempo.

Puxa, sinopse que dá gancho para se desenrolar uma história para lá de dramática. Mas, no caso do filme italiano "Caos Calmo", não é o que acontece.

O filme é lento, se passa quase todo numa praça agradável, arborizada, diante de uma escola. O pai, todos os dias, leva a filhota e fica lá, de terno, na praça, esperando ela sair. É a sua forma de ficar de luto, de proteger a sua cria, de repensar nos seus valores, na sua vida, nos seus sentimentos e de remoer sua culpa. Estávamos conversando, uma amiga e eu, que se o filme fosse americano, como seria diferente. Haveria mais choros, retratos, flashes do passado. Mas neste filme só há o presente. E é lindo isso. Este processo do aqui, agora, ser e estar.